quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Objeto brilhante não identificado
No momento em que a Curiosity tirava do solo arenoso uma amostra para análise, o olhar de muitos centrou-se no pequeno objeto brilhante que vemos, no solo, à direita do braço mecânico e junto à base da imagem. Diz a Nasa que o mais certo é que seja um pedaço de plástico da própria Curiosity. Ou seja, ao contrário do vendaval de suposições que por aí se levantou, não deve ser lixo que um marciano tenha deixado ali pelo chão...
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Mariner 4, 1964
Lançada em novembro de 1964, a Mariner 4 foi a primeira sonda a enviar imagens de melhor resolução da superfície marciana. A primeira chegou em julho de 1965 e foi a imagem que abre este post. A grande "desilusão" chegaria com as imagens seguintes, que acabaram de uma vez por todas os sonhos antigos que ali imaginavam um mundo vivo e eventualmente povoado por uma civilização. As imagens de crateras na superfície deram-nos, afinal, as primeiras visões reais sobre o planeta vermelho.
domingo, 7 de outubro de 2012
O melhor da ficção científica marciana
É talvez um dos melhores exemplos de literatura de ficção científica que alguma vez li. Dividida em três volumes – Red Mars (originalmente publicado em 1993), Green Mars (1994) e Blue Mars (1996) – a chamada “trilogia marciana” de Kim Stanley Robinson é uma obra de grande fôlego que propõe, num arco narrativo de cerca de 200 anos, a história da exploração, colonização e terraformação do planeta vermelho. A narrativa parte no anos 2026, quando uma gigantesca nave feita de pedaços dos tanques do space shuttle é finalmente lançada rumo a Marte com os cem primeiros habitantes do novo mundo. É das suas vidas, dos trabalhos, ideias e feitos que surge a extensa história que não se limita a construir uma mera sucessão de quadros feitos de tramas que se cruzam, revelando a visão de Kim Stanley Robinson frequentes motivos para refletir sobre questões da ecologia, sociologia, psicologia e mesmo ciência política, isto sem esquecer o meticuloso quadro científico (atento às questões da física, da geologia e biologia) que sustentam com a verosimilhança que uma epopeia desta dimensão exige, uma noção de solidez sobre a qual as histórias florescem. Serve este post apenas para chamar a atenção para uma das mais interessantes narrativas de ficção científica alguma vez escritas com Marte por cenário. E, já agora, para partilhar uma vez mais a incompreensão de, num mercado livreiro onde este género está representado (sendo verdade que já o esteve mais presente e visível), porque é Kim Stanley Robinson um autor praticamente votado ao silêncio entre nós (a menos que me engane, só me lembro de uma tradução de uma única obra sua, numa velha coleção sci-fi da Caminho).
A seu tempo, fica prometido, aqui visitaremos, com mais pormenor, cada um dos três volumes da série, assim como o livro The Martians, uma coleção de contos e outros textos, que lhe serve de complemento.
Pelas areias de Marte
Na primeira imagem vemos um montículo de rochas escuras e, entre elas, alguns depósitos de areias. O local foi assim escolhido para a primeira recolha e análise de amostras de areias marcianas. Na imagem inferior, captada já com a Curiosity no local, mostra uma marca de uma das suas rodas sobre a pequena "duna". A marca permite ter uma primeira impressão da dimensão das partículas. Como escala podemos acrescentar que a marca da roda tem cerca de 40 cm de largura.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Uma rocha (vista bem de perto)
Chamam-lhe a Bathurst Inlet e é uma rocha que a Curiosity encontrou no Sol 54 (o seu 54º dia) e fotografou na superfície marciana. É uma rocha cinzenta, de grão fino (a segunda imagem mostra a maior ampliação da lente disponível, representando a foto um espaço com 3,3 cm de largura). A granulosidade é tão fina, que a Mars Hand Lens Imager não consegue melhor resolução. Crê-se que os grãos possam ter dimensões inferiores aos 80 microns.
E sobre esta imagem acrescenta o meu pai: "Este fragmento de rocha está, sem sombra de dúvida, facetado por 'corrasão' (erosão provocada pelo choque dos grãos de areia transportados pelo vento). É o que nós chamamos ventifacto, entre os quais são célebres os Dreykanter (termo alemão alusivo a este tipo de calhaus facetados. Inicialmente aplicado aos que possuem três kanter (arestas), o termo acabou por se aplicar a todos os ventifactos, independentemente do número de arestas".
E sobre esta imagem acrescenta o meu pai: "Este fragmento de rocha está, sem sombra de dúvida, facetado por 'corrasão' (erosão provocada pelo choque dos grãos de areia transportados pelo vento). É o que nós chamamos ventifacto, entre os quais são célebres os Dreykanter (termo alemão alusivo a este tipo de calhaus facetados. Inicialmente aplicado aos que possuem três kanter (arestas), o termo acabou por se aplicar a todos os ventifactos, independentemente do número de arestas".
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Leituras para 2012
A "literatura" de divulgação científica marciana conta este ano com novos títulos, naturalmente resultado da atenção de quem quem publica pela sede de interesse que decorreria da chegada a Marte da Curiosity. Um dos melhores exemplos de leituras atualizadas pode ser encontrado neste livro de Rod Pyle, que conta com um prefácio assinado por Robert Manning, o engenheiro chefe da missão Mars Science Laboratory. Em 348 páginas o livro traça um panorama histórico da exploração marciana (deixando de lado focos maiores sobre os estudos anteriores às missões enviadas aos Planeta Vermelho nos anos 60. De novo junta dados e reflexões sobre as missões robotizadas mais recentes e traça um perfil e objetivos da sonda que neste momento caminha pelo solo da cratera Gale. Atento às questões financeiras que a exploração espacial envolve, o livro sugere ainda o que poderá ser o futuro da presença em Marte, deixando em data ainda distante uma eventual missão tripulada.
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
A primeira rocha analisada...
A foto foi captada no passado dia 22 de setembro, quando um dos braços mecânicos da Curiosity lançou a sua curiosidade sobre uma rocha no solo da cratera Gale. Os aparelhos permitiram fazer uma análise de espectrometria (para determinar a sua composição química). Enquanto se aguardam resultados, para já podemos dizer que a rocha já tem nome: Jake Matijevic (homenagem a um dos engenheiros que trabalhou no projeto).
sábado, 29 de setembro de 2012
Quando Marte se chamou... Barsoom
Encanta a nossa imaginação há séculos. Kepler estudou- o em inícios do século XVII, Percival Lowell observou- o mais atentamente em finais do século XIX. H. G. Wells fez dos seus “habitantes” autores de uma devastadora invasão ao nosso mundo em 1895. Ao planeta vermelho de que falamos demos nome do deus romano da guerra: Marte. Mas por lá, pelo menos como o imaginou Edgar Rice Burroughs há cem anos, chamam- lhe Barsoom.
Aclamado sobretudo pela mais célebre das suas criações ( Tarzan, que “nasceu” também em 1912), Edgar Rice Burroughs fez de John Carter um dos primeiros heróis interplanetários da história da ficção científica. E quem é John Carter? É um americano, de quase um metro e noventa de altura. Combatera pelo lado dos confederados na Guerra da Secessão e, depois do fim do conflito, rumara ao Arizona, onde prospetava ouro. Um dia perde os sentidos enquanto se escondia dos índios apache numa gruta. Desperta num deserto. Mas num deserto diferente. Descobre depois que está em... Barsoom. Longe do seu mundo, entretanto reduzido a um pequeno ponto azul claro no céu marciano.
John Carter surgiu pela primeira vez nas páginas da revista The All-Story como protagonista de Under The Moons of Mars, publicado entre fevereiro e julho de 1912. Cinco anos depois, quando chegou a altura de juntar a mesma narrativa num só livro, Edgar Rice Burroughs deu- lhe outro nome: The Princess of Mars. A mesma história que a Disney produziu em John Carter, adaptação ao grande ecrã que, depois de carreira em sala, chega agora a home video nos formatos de DVD e Blu-ray.
Realizado por Andrew Stanton (que assinou títulos da Pixar como À Procura de Nemo ou Wall-e, com Taylor Kitsch no papel de Carter e um elenco onde se destacavam as presenças de William Dafoe e Samantha Morton, John Carter parte da primeira aventura publicada por Burroughs em 1912 para sugerir uma aventura que depois segue o seu rumo próprio (o herói chega a Barsoom, vê- se no meio de um conflito local e toma posição).
Foi um desastre na bilheteira nos EUA, com consequências inclusivamente na estrutura da companhia (perante um cenário de iminente desaire no box office americano, Rich Ross, que liderava os estúdios Disney, demitiu-se). Os números foram contudo mais favoráveis em solo europeu, as edições em DVD e Blu-ray contribuindo agora para equilibrar o volume do investimento. Melhores resultados, mesmo assim, do que os de Princess of Mars ( sem qualquer ligação com a Disney), uma adaptação por Mark Akins em 2009 que acabou por ter edição direta em DVD.
John Carter surgiu com os cem anos da personagem na agenda. Mas os fracos resultados de bilheteira deverão comprometer a sequela que chegou a ser ponderada a partir de Gods of Mars, de 1913. Sobreviverá o herói às celebrações do centenário?
Os livros
Foi redigida ainda em 1911, mas só em fevereiro de 1912 o mundo pôde ler a primeira aventura de John Carter. Renomeada The Princess of Mars em 1917 ( na edição em livro), a primeira das “Barsoom novels” de Edgar Rice Burroughs criaram um mundo de aventuras que deu às revistas deste tipo de narrativas de ficção científica e aventuras ( as pulp magazines) uma série de sucesso. Ao todo, Burroughs escreveu 12 romances com John Carter como protagonista, o mais recente, Skeleton Men of Jupiter, publicado na revista Amazing Stories em 1943.
O cinema há muito que sonhava em visitar este universo. Chegou a haver um projeto de animação nos anos 30, mas não avançou. Princess of Mars, de 2009, só teve edição em DVD. John Carter teve mais visibilidade. Mas não gerou o sucesso esperado. Traduzido para português como John Carter ( e usando a imagem do filme no grafismo da capa), a primeira dessas aventuras escritas por Edgar Rice Burroughs foi lançada este ano entre nós em livro pela Saída de Emergência.
(este texto foi originalmente publicado na edição de 28 de agosto de 2012 do DN)
Marcas da passagem de água na Cratera Gale
Foi notícia esta semana, a identificação de estruturas compatíveis com a existência de um regime de aluvião no solo marciano. Captada pela Curiosity, esta é uma das mais visíveis expressões morfológicas da existência de água já captadas na superfície de Marte.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Uma assinatura terrestre em Marte
Na verdade são várias assinaturas. Mas reparem na que surge no topo da placa, logo sob o nome verdadeiro da Curiosity (ou seja, o Mars Science Laboratory)... Pois, é a de Barack Obama! A foto é uma das mais recentes imagens enviadas da Cratera Gale pela sonda da Nasa que ali chegou em agosto.
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